sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Camadas de tinta escondem a música.

Devo começar dizendo o seguinte.

Palavras, filosofias e textos são escritos por pessoas que não têm o que fazer. Outro fato é que os que os desocupados escrevem são coisas tolas. São bobagens. Acontece que as bobagens deles são as mesmas no remetente. A beleza existe no intervalo, no vazio.
A beleza da palavra está nas entrelinhas, a da música, no silêncio e a da arte, na esquecimento.

Não quero abordar a veia filosófica da questão. Mas é impressionante como nossas opiniões mudam. Como mudamos o ângulo que vemos as situações.

Peguei-me assistindo TV na véspera de um jogo importantíssimo. Sem nenhuma surperstição pré-jogo, nem aquela preocupação juvenil.

Lembrei de mim aos 13, 14 anos. Na agenda que o colégio dava aos alunos, eu separei uma página pra a "Contagem Regressiva". Lá tinha a data do próximo jogo. Contra quem seria. Quantos dias faltavam e o mais louco: quantas horas restavam. Claro que eu não atualizava (apagava e reescrevia) aquela página de hora em hora, mas havia lá uma contagem regressiva das horas!
Recordo que na véspera do jogo, eu cortava as minhas unhas, e tomava um longo banho, tudo bem concentrado. Além de ir dormir cedo, e já pensando no jogo que viria.
Aquilo era a essância do Amor. Hoje sou motivado por outras coisas. Antes eu vivia para aquilo. Não sei se era paixão pelo jogo. Acho que era paixão pela música que tocava em mim quando jogava. Essa musica ainda toca, mas existem perrengues que tocam mais alto e eu nao ouço a melodia da essência. É um pecado. Sugiro aos técnicos das categorias superiores que ajam como os reestaurados de casas: Eles raspam as paredes das casas, tiram varias camadas de tintas para chegar à parede original, e chegam lá, à essência da casa, como elas eram antes de tudo. Não sei como os técnicos poderiam fazer isso. Talvez se deixassem os meninos apenas jogarem basquete!

Estou entrando no mérito de um texto que deveria ser à parte: como o homem se corrompe.

Meu texto se limita a isso. Estou ansiso para a próxima mudança. Talvez mude o esporte, pode mudar as superstições, mudam as razões, mas a música está em todos os lugares. A música está dentro de mim. E está em você! Só temos que parar, sossegar todos os outros barulhos e deixar-se embalar pela melodia da essência. Você e eu descobriremos o que nos move.

Um beijo na alma de todos.
Amem!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Irenice e Isabela.

Eu continuava a observá-las ônibus. Aquela cena, figurada pela humildade da mãe e da filha fazia-me refletir.
As duas tiravam retratos de seus ídolos. Sim, diga "retrato" - expressão antiga - para aludir àquela máquina que era muito antiga.
Esta máquina dava o direito ao seu proprietário de preocupar com a contagem regressiva de poses, além da preocupação em não queimá-lo, assim, apagaria a prova de que elas estiverem na presença dos ídolos.
A vestimenta das parentes e a dita máquina faziam um contraste com a modernidade. Isso tudo me chamava a atenção e me comovia.
Com tantas outras coisas inúteis para se fazer naquela noite de 12 de outubro, a única explicação de elas estarem ali era, de fato, a admiração por aqueles homens. Mas, admirar o que neles? Aquela admiração está ligada à ignorância. Pois tenho certeza que se elas soubessem quem são seu ídolos de verdade, teriam ficado em casa vendo TV - e se iludindo com outros ídolos -, fazendo crochê ou escrevendo.
O fato é que eu sei quem são os ídolos dels. E desconfio, portanto, do mesmo modo não saber quem são os meus. Afinal, "meus heróis morrem de overdose".
A moral daquela cena, daquele flash é admirar os fatos e as obras, não as pessoas. A beleza das coisas entá em nós, por isso não nos frustaremos com elas, já as pessoas, os ídolos são dignos de vaidades, ímpetos e humor, são corromptíveis. São drogados.
Aquele flash nos meus olhos fez-me enxergar esse texto.